Antes de ser mãe, muito antes de sonhar ficar grávida, sempre desejei ter um menino, sempre me vi mãe de menino. Após o exame de farmácia, feito num misto de desespero com certeza absoluta, já sabia que seria mãe de um anjinho. Vi o meu bebê diversas vezes naquele monitor e o danado não mostrava de jeito nenhum se era ELE ou ELA, mas lá no fundo eu sentia que era o meu Enzo a caminho (ele só confirmou a minha certeza com 5 meses de gestação).
A gestação passou e Enzo tá aqui. MEU MENINO!
- Ter que se acostumar com a sensação de coração moído sempre que vê o resultado das artes do seu filho. Vira e mexe Enzo apronta e aparece com um roxo, um arranhão... Não, não é falta de cuidados, estamos sempre observando mas certas vezes ele simplesmente consegue nos cegar e lá vem machucado!
- Observar a maioria das crianças da idade dele brincando e suas mães conversando tranquilamente enquanto eu me viro nos 30 pra segurar o meu "ogrinho" que de calmo e tranquilo não tem nada
- Ver outros bebês aprendendo a fazer carinho e achar fofo enquanto corro para acompanhar os gestos do meu bebê quando ele resolver fazer "carinho" em alguém - Enzo é todo bruto
- Ser jogadora de futebol - não adianta, ele adora uma bola!
- Ver bebês batendo palminhas e fazendo o 1 com o dedinho (quantos anos o bebê vai fazer?) - fofos não? - enquanto o meu anjo aprende outras coisas - cuspir a comida antes mesmo de ter experimentado (só pra fazer graça), ter vocação para lamber chão, sandálias e afins, ter uma certa atração por tomadas e fios...
Bom eu poderia fazer uma listagem maior aqui pq todo dia o MEU MENINO apronta das suas! Mas que raios eu tô tentando dizer? Eu sempre sonhei com um guri! Mas nos sonhos ele tava vestido tipo homenzinho e paradinho - como se fosse tirar uma foto, na vida real são outros 500! O moleque é elétrico - e eu to me acostumando a essa eletrecidade toda (tenho que ter mais reflexo, visão 360º, agilidade, flexibilidade, elasticidade e rapidez - tipo Super-Heroína).Diferente dos meus sonhos, o meu menininho se machuca (e essa é a parte que mais dói, é sem dúvida nenhuma a que eu acho que jamais vou me acostumar), faz pirraça (com nove meses já acha que "pode" querer ou não querer alguma coisa é mole?), me faz querer ajoelhar no milho por ter muitas vezes julgado a educação dos filhos alheios (óbvio que não era mãe) e olhar torto ao sentir os mesmos julgamentos.
E pra quem pensa que ser mãe de menino é só agitação, ele surpreende! É carinhoso. Entre tantas peraltices ele arranja tempo para beijos e abraços: tem um jeitinho único de se aconchegar no meu colinho e me abraçar apertado, dá a mão pra vovó pra ensaiar seus primeiros passinhos e quando chega até a mamãe segura o meu rosto e me presenteia com aquele beijão! Aí o cansaço desaparece...
E EU AGRADEÇO A DEUS SER MÃE DE UM MENINO!
Em homenagem às mães de meninos, posto aqui um texto - que além de lindo consegue narrar muito bem essa nossa aventura:
Entre a inocência da infância e a compostura da maturidade há uma deliciosa criatura chamada menino. Embora se apresentem em tamanhos, pesos e cores sortidos, todos os meninos têm o mesmo credo: aproveitar cada segundo de cada minuto de todas as horas de todos os dias e protestar ruidosamente - o barulho é sua única arma -quando seu último minuto é decretado e os adultos os empacotam e metem na cama.
Meninos são encontrados em todas as partes: em cima de, embaixo de, dentro de, subindo em, balançando-se no, correndo em volta de, pulando para. As mães os adoram, as meninas os odeiam, irmãos e irmãs mais velhos os suportam, adultos os ignoram, o céu os protege. Um menino é a Verdade com o rosto sujo, a Beleza com um corte no dedo, a Sabedoria com um chiclete no cabelo, a Esperança do futuro com uma rã no bolso.
Quando você está ocupado, um menino é um conversa-fiada intrometido e amolante. Quando você deseja que ele cause boa impressão, seu cérebro vira geléia ou ele se transforma em uma criatura sádica e selvagem empenhada em desmontar o mundo ao seu redor.
Um menino é um híbrido: o apetite de um cavalo, a disposição de um engole-espadas, a energia de uma bomba atômica de bolso, a curiosidade de um gato, os pulmões de um ditador, a imaginação de um Júlio Verne, o retraimento de uma violeta, o entusiasmo de um bombeiro - e quando se mete a fazer alguma coisa é como se tivesse cinco polegares em cada mão.
Gosta de sorvetes, canivetes, serrotes, pedaços de pau, água (no seu "habitat" natural), bichos grandes, sábados, domingos e feriados, mangueiras de água. Não partidário de catecismo, escolas, livros sem figuras, lições de música, colarinhos, barbeiros, meninas, agasalhos, adultos e hora de dormir.
Ninguém se levanta tão cedo, nem chega, tão tarde para o jantar. Ninguém se diverte tanto com árvores, cachorros e mosquitos. Ninguém mais é capaz de meter num único bolso um canivete enferrujado, uma maça comida peta metade, um metro e meio de barbante, um saco de matéria plástica, duas pastilhas de chiclete, três notas de um cruzeiro, um estilingue e um fragmento de substância ignorada.
Um menino é uma criatura mágica: você pode mantê-lo fora do seu escritório, mas não pode expulsá-lo de seu coração. Pode pô-lo para fora da sala de visitas, mas não pode tirá-lo de sua mente. Queira, ou não, ele é seu captor, seu carcereiro, seu dono, seu patrão - um cara sarapintado, um nanico, um mata-gatos, um pacote de encrencas. Mas quando a noite você chega em casa, com suas esperanças e seus sonhos reduzidos a pedaços, ele possui a magia de soldá-los em um segundo, pronunciando duas palavras somente: "Alô MAMÃE!"...
Alan Beck