sexta-feira, 20 de maio de 2011

Massacre da Tarja Preta



    Estou trazendo o assunto pro blog pois concordo com a opinião exposta na matéria. A tecnologia está aí para fazermos uso, mas o excesso (em tudo) acaba sendo um grande vilão! Nesse caso o excesso de tecnologia e, consequentemente, de fluxo de informação muda o comportamento de nossos filhos e em vez de adequação à mudança muitos "dopam" suas crianças. Erram os médicos no diagnóstico e erram os pais que acreditam piamente e... dá-lhe tarja preta! Senso né gente? Nunca é demais!


08/05/2011 - Folha de S.Paulo
Jornalista: GILBERTO DIMENSTEIN


Crianças e adolescentes brasileiros são levados a tomar desnecessariamente remédios para supostos distúrbios psicológicos. Essa intoxicação tem respaldo de médicos, psicólogos, pais e professores.

Na semana passada, a Folha publicou a descoberta de psiquiatras e neurologistas da USP, Unicamp e Albert Einstein College of Medicine (EUA): 75% das crianças e adolescentes brasileiros que usam medicamentos tarja preta foram diagnosticados erroneamente como portadoras do chamado TDAH (Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade). A pesquisa será apresentada no final deste mês durante congresso na Alemanha.

Esse abuso bioquímico para controlar atitudes de crianças e adolescentes revela como os adultos têm dificuldade de entender e lidar com as novas gerações e até entender o mundo em que vivemos.
 

Saiu recentemente um livro intitulado "Blur" (desfocado em inglês), escrito por Bill Novak, ex-jornalista do "New York" e diretor de um centro de estudos de jornalismo em Harvard, em que se afirma o seguinte: "Em três anos se produziu no século 21 mais do que nos últimos 300 mil anos." É nesse ambiente que as crianças nascem e são treinadas, quase desde o berço, a jogar videogames cada vez mais velozes e complexos, o que, para muitos cientistas, desenvolve as habilidades cognitivas.

Esse universo hiperativo do virtual valoriza o presente, o agora, o já, tudo imediato, e se esvai com a velocidade de um novo aplicativo. Muito mais difícil ensinar coisas que não têm sentido imediato e que envolvem complexidades.

Existem até novas reações cerebrais. Mas tanta luminosidade das máquinas acaba gerando problemas. Existem evidências científicas mostrando que ficar de noite na frente da luz do computador atrapalha o sono, mexendo nos hormônios. O relógio biológico da adolescência já é naturalmente diferente; o computador está tornando acordar cedo ainda mais complicado.

Por que um estudante, acostumado com a interatividade e compartilhamento de informações, ficará tranquilo numa sala de aula com baixa interatividade, ouvindo o professor despejar conteúdos que não lhe fazem sentido?

Como dizia Einstein, apontado como portador de distúrbio de atenção, para quem educar é estimular a imaginação ("mais importante do que conhecimento é a imaginação"), loucura é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes. Quem sabe se ele nascesse hoje não seria mais um medicado com tarja preta. 

2 comentários:

Dina Ulbrich disse...

Absurdo né...
Conheço crianças que já tomaram ritalina erroneamente por eram excessivamente agitadas.

Eu não tenho coragem de medicar o Fe sem necessidade, e quando o medico prescreve uma medicação, que seja pra tosse, eu me informo e questiono muito antes de dar.

Triste é ver como é comum mães darem calmantes, "dramim" para os filhos dormirem...

Bete Strøm disse...

Nossa absurdo isso, esse lance de psicotrópicos acaba com a saúde.
E pior vicia mesmo.
Muito interessante a matéria.
Bjs

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